Bem-estar Animal
Ver TodasVÍDEO: Quando a eutanásia é a opção mais digna para os animais
Nenhum produtor gosta ou quer perder animais de seu rebanho. A morte das vacas, do ponto de vista econômico, é a pior forma de retirar um animal do rebanho. No entanto, muitas vezes, os óbitos são inevitáveis. O professor Marcelo Cecim lembra que, na vida, a morte é sempre uma certeza, mas que o sofrimento pode ser evitado.
É neste ponto que a eutanásia pode se tornar a melhor opção. A palavra “eutanásia” deriva do grego: “eu” (bom) e “thanatos” (morte). A prática constitui a forma humanitária de sacrificar o animal, sem dor e com o mínimo de estresse possível. É uma maneira controlada e assistida, com o objetivo de aliviar a dor que já não pode ser mitigada por analgésicos e sedativos, ou quando o estado de saúde do animal impossibilita vias de tratamento. Ou seja, quando prolongar a vida do animal só traria mais sofrimento para ele.
Cecim destaca que, hoje, no Conselho Internacional do Bem-Estar Animal de Vacas Leiteiras se discute quantos porcento dos animais que morrem nas fazendas são eutanasiados e quantos ficam sofrendo até morrer.
O professor questiona por que no Brasil se realiza pouco o abate humanitário. “Normalmente é realizado de forma tardia. Por que temos essa cultura do descaso? De deixar um animal sofrendo até que ele morra”, considera.
Ele defende que os animais têm direito de ter o seu sofrimento aliviado. “Isso é muito mais que um processo, é uma cultura que as pessoas que prezam por suas vacas precisam desenvolver no Brasil”, defende.
Por que é importante?
Os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de sentir, interpretar e responder aos estímulos de dor e sofrimento. Por esse motivo, a eutanásia deve ser alicerçada em diretrizes e normas que garantem o atendimento aos princípios do bem-estar animal e da ética profissional.
Ao contrário do que muitos pensam, a eutanásia não se limita apenas ao momento de morte iminente. Situações específicas, desde que guiadas por normas técnicas, demandam a realização do procedimento.
Casos em que a eutanásia é recomendada para bovinos leiteiros
- Para eliminar a dor ou o sofrimento que acomete o bem-estar animal de forma irreversível, não sendo possível o controle por meio de medicamentos ou outros tratamentos.
- Se representar ameaça à saúde pública.
- Se representar ameaça ao meio ambiente
- Se o animal for objeto de ensino ou pesquisa científica (nesse caso, deve ser autorizado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da instituição responsável.
- Quando o custo do tratamento for incompatível com a atividade produtiva ou com os recursos financeiros do proprietário.
Orientações, normas e recomendações
Por meio da Resolução nº 714 de 20 de junho de 2002, atualizada em maio de 2012, a partir da publicação da Resolução CFMV nº1000/2012, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) instituiu normas reguladoras aos procedimentos de eutanásia em animais.
Confira também as nossas recomendações sobre o procedimento:
• A taxa de mortalidade de vacas e bezerras não deve exceder 3,5% e 5%, respectivamente.
• A eutanásia é considerada um procedimento clínico. Por isso, seus aspectos técnicos devem ser supervisionados por Médico Veterinário com registro ativo no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CFMV).
• O processo deve ocorrer com ELEVADO GRAU DE RESPEITO e de acordo com a apresentação do animal (idade e estado fisiológico).
• O ambiente escolhido para o procedimento deve ser limpo, livre de ruídos e movimentação.
• Os métodos de eutanásia aceitáveis são descritos na resolução CFMV nº 1000/201: anestésicos gerais injetáveis; anestesia geral prévia, seguida de cloreto de potássio ou cloreto de potássio e bloqueador muscular; e pistola de ar comprimido, seguida de exsanguinação (sangramento).
• A escolha do método – seguro para os envolvidos e para o meio ambiente – deve ser pautada na facilidade de operação e nos possíveis riscos associados.
• Antes de realizar o descarte, a morte do animal deve ser confirmada pelo profissional responsável pelo procedimento.
• O descarte do animal e dos dejetos remanescentes deve seguir as normas previstas na legislação vigente.
• No caso de zoonoses ou epidemias, os métodos de eutanásia podem sofrer alteração, mas os princípios básicos de atendimento ao bem-estar animal e à segurança do animal e das pessoas envolvidas devem ser mantidos.
• Em casos de suspeita ou confirmação de doenças de notificação compulsória, os órgãos competentes devem ser imediatamente comunicados.
Mais informações no nosso Manual de Bem-Estar Animal
Crédito da foto: wirestock / Freepik