Gestão
Ver Todas
Lactaleite: Administração profissional que faz diferença no campo
O case de sucesso do Lactaleite de hoje vem da pequena cidade de Ibirubá, no interior do Rio Grande do Sul. Iniciada em 1996, a Agropecuária Wojahn colhe hoje frutos de dedicação à atividade e também do apoio técnico recebido por meio do programa da Lactalis.
A história da Agropecuária Wojahn na atividade leiteira inicia em 1996 com apenas três vacas, quando Rudi Wojahn e sua esposa Acenir assumem a propriedade dos pais de Rudi. Neste mesmo ano, construíram um galpão e adquiriram novilhas geneticamente melhoradas. Em 1997, o plantio de soja e a criação de suínos também passaram a integrar os negócios.
Até 2018, Acenir, que é administradora de empresas, trabalhava em uma cooperativa de energia elétrica do município. Foi quando ela decidiu assumir a propriedade em tempo integral. À época, eram 28 vacas em lactação, que produziam em média 18 litros cada uma. Nesse momento, a propriedade já contava com a assistência do Clube do Produtor Lactalis.

Propriedade Wojahn
Em 2024, a produção de suínos foi encerrada. A produção de soja ainda continua até hoje, mas em uma escala menor. As vacas de leite são manejadas em um sistema de semiconfinamento.
Entre 2023 e 2024. o projeto Lactaleite da Lactalis passou a fazer parte da atividade, implementando a gestão de dados zootécnicos e econômicos. Em 2024, a produção chegou a ter um pico de 1.575 litros por dia com 42 vacas em lactação. A produção das vacas alcançou 37,5 litros por dia.
O suporte técnico para a Acenir é essencial. Além da filha Bruna, que é agrônoma e doutoranda em entomologia, ela conta com a atuação da médica veterinária Tathiana Klasener, consultora técnica do Projeto Lactaleite. Tathiana atua na propriedade desde 2019, sempre em “sintonia fina” com João Antônio, o técnico de captação da Lactalis. A produtora conta ainda com as orientações do nutricionista Vinicius Negri pelo Clube do Produtor Lactalis.
Números evidenciam performance técnica e econômica
A análise dos indicadores técnicos e econômicos da Agropecuária Wojahn (tabela abaixo) ajuda a entender o bom desempenho do negócio.
O ponto de cobertura total da atividade leiteira indica que foi necessária uma produção anual de 377.819 litros para cobrir todos os custos. No período avaliado (mar-24 a fev25) esta produção foi de 447.331 litros, ou seja, com apenas 84% de todo o volume produzido foi possível cobrir todos os custos da atividade (custos variáveis e fixos).
Importante destacar que a venda de leite na atividade no período analisado representa 96,3% dos resultados econômicos. Apenas 3,3% da receita vem das vendas de animais. Isto caracteriza elevado nível de especialização da atividade.
Outro indicador de performance que se destaca é a Taxa de Remuneração do Capital sem considerar o valor da terra que foi de 26,2%. Isto significa que o capital empatado na atividade foi remunerado em 26,2%, acima de qualquer outra aplicação no mercado.
A análise também permite saber que, após serem cobertos todos os custos (COE, depreciação, remuneração da família e juros), a Agropecuária ainda obteve um lucro que chamamos de supernormal de 18,72% sobre todo o capital imobilizado sem a terra na propriedade.
O custo operacional efetivo, que representa os desembolsos, foi pago com 73,15% da receita. A depreciação, mais a mão de obra familiar, 3,23% e os juros do capital imobilizado 4,9% como pode ser visto no gráfico a seguir.
A relação Benefício/Custo foi de 1,2, isso significa que para cada R$1,00 de custo total foram recebidos R$1,20. Assim, com R$1,00 foram pagos todos os custos (fixos e variáveis) e ainda sobraram R$0,20 por litro acima do lucro normal. Este resultado é considerado muito bom.
Desempenho econômico e zootécnico caminham juntos
O bom desempenho econômico é explicado pelo bom resultado técnico. A produção por vaca por dia foi de 31,7 litros no período de março-24 a fevereiro-25. Houve um grande progresso genético do rebanho a partir de 2018 (gráfico abaixo).
A porcentagem de vacas em lactação em relação ao total de vacas no mesmo período é de 86,25%. E em relação ao rebanho total a porcentagem de vacas é de 45,54%.
O intervalo entre partos está em 12,79 meses, número avaliado como excelente considerando um rebanho tão produtivo. O índice também é muito próximo do ótimo preconizado que é de 12 meses.
Qualidade do leite
Obter um leite com qualidade elevada tem sido uma busca incansável de Acenir. A qualidade do leite produzido melhorou muito nos últimos meses. A contagem de células somáticas no período analisado já está bem controlada, com 315.000 células por ml de leite.
No que se refere ao teor de sólidos, a produtora capricha na escolha dos touros e na dieta dos animais. O desafio é elevar o teor de gordura e proteína do leite.
A contagem bacteriana (CBT) já é considerada excelente. Os dois últimos resultados foram de 5 e 4 mil unidades formadoras de colônias por mililitro de leite o que caracteriza um leite de elevada qualidade.
A contagem de células somáticas (CCS), no período analisado, já está bem controlada com 315.000 células por ml de leite.
É possível perceber uma evolução muito boa na CCS, com resultados gradativamente decrescentes. H uma redução significativa de 384 para 213 mil células somáticas (tabela abaixo). As principais medidas adotadas para este controle foram:
- Contagem individual das células somáticas desde setembro de 2024
- Uso de vacinas
- Intensificação nas boas práticas agropecuárias
Conforto é prioridade
Acenir tem consciência do quão importante é o bem-estar dos animais, por isso, tem adotado medidas que visam gerar mais conforto ao rebanho.
Para o momento de pastejo, foi colocada água em todos os piquetes dos 5 hectares de tifton. No galpão de alimentação, foram instalados ventiladores para resfriar os animais. Vale lembrar que o verão no RS normalmente é muito quente e úmido, o que prejudica bastante a disposição dos animais de se alimentarem.
A alimentação de qualidade e abundante merece toda atenção da fazenda, o que deixa os animais em boas condições de saúde.
Produção de alimentação para os animais
A área da propriedade é bem aproveitada para a atividade leiteira da Agropecuária. Ela está estruturada da seguinte forma:
As áreas cultivadas com a soja e o milho são revezadas anualmente nos cultivos de verão. Na área onde se planta milho faz-se o plantio de safra e safrinha. E nas duas áreas de milho e soja, se planta forrageiras de inverno (aveia e azevém).
As forrageiras de inverno também são semeadas na área de tifton para o período de inverno.
Metas de produção
A produtora Acenir apresentou o case da Agropecuária Wojahn no 1º Workshop Lactaleite, em abril, na cidade de Ijuí. A evolução da produção tem sido muito significativa. No período de 2020 a 2025 a produção cresceu em média 16% ao ano. A meta atual da família é trabalhar com 45 vacas em lactação produzindo 499.330 litros de leite por ano para 2025/2026 (gráfico abaixo).
O que Acenir pode ensinar
Por fim, a empresária Acenir deixa alguns conselhos para outros produtores. A primeira lição é: “Ter o negócio todo na minha mão é muito importante”, afirma. O segundo recado diz que “Temos que ficar de olho, olhar para animais e para as informações”.
O terceiro ensinamento da produtora afirma que “Não basta ter os números, é preciso entrar no detalhe do processo de gestão”. E ainda, indica que “É preciso dedicação infinita, manejo com qualidade e bem-estar animal”, foi sssim que Acenir se expressou no dia em que bateu o recorde de produção de 1.575 litros de produção por dia.

Acenir com a família que também apoia a produção
Artigo por:
Antônio Carlos de Souza Lima Júnior
Eng. Agrônomo e Mestre em Agronegócios
Consultor da Lactalis
Visite outras Categorias
Ver Todas