Boa gestão na produção de leite transforma vidas e faz história no RS

A história de Elido Ortigara com a atividade rural começa muito antes dele: em 1918 com a imigração italiana e a chegada de seu avô em Taquaruçu, no noroeste do Rio Grande do Sul. O avô deixou sua fazenda para o filho mais novo, o pai de Elido.

A atividade leiteira começou após a frustração de um projeto de produção de suínos em 1995. Hoje, a mão de obra é familiar: Elido, filho mais velho de uma família de 8 irmãos, e Adelar, o irmão mais novo, conduzem a atividade, acompanhados de suas esposas e do filho do Adelar, Arthur.

A grande mudança na Granja Ortigara ocorreu em 2017, quando os irmãos decidiram confinar 50 vacas que eram manejadas à pasto. Construíram o primeiro galpão com capacidade para abrigar 60 vacas.  A produção passou de 19 para 35 litros. Conforme Elido, deste aumento, 7 litros são consequência apenas do bem-estar dos animais, o que é possível perceber nas imagens da fazenda.

Valorização da assistência técnica e gerencial

Elido é técnico em agropecuária desde 1977, mas conta com um suporte técnico na propriedade desde o início da atividade, quando foi viabilizada a contratação de um engenheiro agrônomo, que atuou por meio do projeto Balde Cheio da Embrapa Sudeste até 2017. Em 2017, um médico veterinário foi contratado pelo projeto Lactaleite da Lactalis para intervenção técnica e gerencial na propriedade.

Apesar da formação técnica, Elido sempre buscou suporte de fora para o seu negócio. Através do Clube do Produtor, ele conta ainda com a ajuda de um nutricionista, que formula as rações e balanceia as dietas de todas as categorias do rebanho.

O processo de melhoria genética é arrojado. E o lucro é quem norteia as decisões da família. Como afirma o produtor “Vaca que não dá lucro é retirada do rebanho”. A melhoria genética se dá pela prática da inseminação e mais recentemente pela transferência de embriões, também numa parceria com o Clube do Produtor da Lactalis. A família nunca comprou uma vaca de fora. A pressão de seleção no rebanho é bastante elevada.

Resultados da gestão

A tabela de dados (abaixo) mostra o bom desempenho da atividade medido pelos indicadores técnicos e econômicos obtidos do aplicativo do Lactaleite nos períodos de fev-24 a jan-25, comparados com fev-23 a jan-24.

O volume de leite produzido aumentou 32%, passando de 1.830 litros diários para 2.432, indicando um crescimento considerado espetacular.

O número médio de vacas em lactação no período analisado saltou de 60 para 71,9. No mesmo período a porcentagem de vacas em lactação em relação ao rebanho total aumentou de 38% para 42,8%. É bom lembrar que são as vacas em produção que “pagam as contas” do negócio.

O custo total do leite produzido reduziu R$0,10 e a relação do custo total com o preço do leite no mesmo período reduziu de 90,7 para 87,4%. No conceito econômico, este resultado significa que a fazenda cobriu todos os custos com 87,4% da receita bruta da atividade, obtendo, portanto, o que chamamos na economia de lucro supernormal.

Mas os resultados econômicos não param por aí. A Taxa de Retorno do Capital imobilizado na atividade, sem considerar o valor da terra, praticamente dobrou saltando de 8,7 para 16,4%, ou seja, os rendimentos do valor de todos os ativos da propriedade tiveram um rendimento muito superior ao da poupança que é considerado o parâmetro de rendimento do projeto.

Todo este bom desempenho econômico é explicado pelo bom desempenho técnico. A idade do primeiro parto das novilhas reduziu no período analisado de 34,2 para 29,3 meses. Isto, significa que elas estão entrando no processo produtivo 5 meses mais novas, reduzindo significativamente o custo da recria. Atualmente, são 50 novilhas prenhas, muitas com embriões adquiridos em parceria com o Clube do Produtor Lactalis. As novilhas hoje são recriadas no segundo composto, construído em 2021.

Ganhos de qualidade

Os números revelam ainda os ganhos de qualidade no leite produzido. A Contagem Bacteriana Total (CBT) reduziu no período analisado de 130 mil para 15 mil unidades formadoras de colônias por ml de leite e, atualmente, está abaixo de 10 mil.

No que se refere à Contagem Celular Somática (CCS) a redução foi de 553 mil para 312 mil células somáticas por ml de leite e, atualmente, está abaixo de 200 mil. O último resultado obtido foi de 151 mil células.

Segundo o consultor técnico da Lactalis, Erlon Machado, para alcançar estes níveis de melhoria a família se desfez das vacas com mamite crônica e CCS elevada.

Investimentos realizados no momento certo e com retorno rápido

Hoje a propriedade trabalha com dois compostos. Na construção do primeiro galpão, em 2017, o investimento foi de R$ 600 mil, e os empresários revelam que amortizaram este valor em apenas 16 meses com o resultado da atividade. O segundo galpão, para 80 vacas, foi construído há 4 anos, e faltam apenas 4 anos para ser amortizado.

Os bons resultados alcançados não aconteceram por acaso. “Tudo isto é atribuído à gestão”, afirma Elido.

A sucessão familiar

No processo sucessório, os irmãos Elido e Adelar representam a terceira geração. O futuro da atividade já foi também planejado pela família. O filho de Adelar e sobrinho de Elido foi o escolhido para ser o sucessor na atividade.

Arthur que estuda medicina veterinária já se dedica ao empreendimento ajudando na gestão dos negócios. É ele quem lança os dados da atividade regularmente no aplicativo do Lactaleite.

A relação da Granja Ortigara com a Lactalis é um belo exemplo de parceria “ganha, ganha” em que a fidelização prevalece, criando assim um círculo virtuoso de desenvolvimento. A família sempre forneceu o leite para a atual empresa. O foco dos negócios são os bons resultados que são conquistados a cada dia.

Metas significantes, mas alcançáveis

Segundo Elido, até o final de 2025, o rebanho contará com mais 50 novilhas já prenhas. A meta para 2027 são 200 vacas, sendo 170 delas em lactação. A expectativa é que a produção atinja 6 mil litros diários entre 2026 e 2027.

Artigo por:

Antônio Carlos de Souza Lima Júnior

Eng. Agrônomo e Mestre em Agronegócios

Consultor da Lactalis