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A produção leiteira renovada pela sucessão familiar

A produção leiteira renovada pela sucessão familiar

24 dez 2025
Fernanda Steffens

Como tudo começou,

Diretamente do oeste de Santa Catarina, apresentamos a trajetória de uma família que encontrou na organização, no cuidado e na sucessão familiar o caminho para fortalecer e ampliar sua produção leiteira.

A história teve início em 2006, quando o casal Sr. Moacir e D. Salete adquiriu uma propriedade de 20 hectares no município de Riqueza. Naquele período, a produção diária era modesta, variando entre 30 e 40 litros de leite por dia.

Natural de Palmitos, o Sr. Moacir traz um histórico marcado por diferentes atividades: já trabalhou com produção de frutas em Farroupilha, dedicou-se por anos ao cultivo de fumo (atividade encerrada há seis anos) e exerceu trabalho assalariado por quatro anos. A família ainda mantém a produção de grãos, embora no planejamento estratégico preveja o encerramento gradual dessa atividade para priorizar o leite.

A virada de chave da propriedade ocorreu quando Gilson, técnico da Lactalis, estimulou o casal a investir na especialização da atividade leiteira. A aquisição de um rebanho fechado não trouxe o desempenho esperado, mas a adoção da inseminação artificial e a organização da recria de novilhas abriram um novo ciclo de evolução. Inicialmente a propriedade utilizava sêmen convencional com apoio da prefeitura; hoje, trabalha com sêmen sexado de touros selecionados, acelerando o melhoramento genético do rebanho.

Atualmente, o consultor que assiste a fazenda via Lactaleite, é o médico veterinário Vítor Hugo Sartori da Asserpec, que dá o suporte técnico para a família na gestão da atividade há cerca de dois anos.

Como a produção está estruturada

O rebanho atual conta com 60 cabeças, organizadas de acordo com o sistema produtivo planejado pela família.

– No período analisado (set/24 a ago/25), 84% das vacas estavam paridas, índice considerado muito bom. Os indicadores reprodutivos atuais são ainda melhores, 100% das vacas adultas estão paridas no momento.

– As vacas em lactação representam 53% do rebanho total, e no período analisado esse índice chegou a 58%.

Alimentação e manejo

A alimentação do rebanho é feita com 6 hectares de pasto perene e produção de silagem de milho em 9 hectares arrendados, mais safrinha, eventualmente. Outros 10 hectares da propriedade são cultivados com grãos.


Vista do rebanho em sistema rotacionado de pastejo

As boas práticas de manejo do solo são destaque. Em 2024, a silagem alcançou 54 toneladas por hectare, resultado atribuído à fertilidade bem conduzida, análises de solo frequentes e à calagem realizada de forma sistemática.

A sucessão familiar fazendo a diferença

O casal tem dois filhos. A filha é formada em Engenharia de Alimentos. Já o filho, Handerson, estudou no Colégio Agrícola de Itapiranga e construiu uma trajetória diversificada: trabalhou sete anos na empresa de licenciamento ambiental Macri Ambiental, atuou em serviços para a BRG (saúde animal, qualidade do leite e manutenção de ordenha) e, recentemente, decidiu retornar para a propriedade da família.

Fez curso de inseminação artificial e, desde sua chegada, a propriedade passou a utilizar touros de genética superior. No início, ele temia o conflito de gerações, mas o bom relacionamento com os pais tornou a transição tranquila e produtiva.

Hoje, Handerson recebe um salário vinculado ao volume de leite e é responsável pela reprodução e pela produção; enquanto os pais assumem a gestão geral da propriedade.


Sr. Moacir, D. Salete e o Handerson

Produção atual e evolução recente

A produção atual é de 576 litros de leite por dia, com média de 18 litros por vaca/dia. Comparando com o período analisado (set/24 a ago/25), quando a média era de 13 litros, houve um aumento de 38% na produtividade.

Decisões importantes para a melhoria da qualidade

A análise individual de CCS revelou dois animais com valores acima de 6 milhões de células somáticas. O descarte voluntário de vacas velhas e com CCS elevada foi uma decisão estratégica que contribuiu para os excelentes resultados atuais: o rebanho apresenta CCS média de apenas 200 mil.

Os dados analisados pelo aplicativo Lactaleite mostram o impacto positivo das práticas adotadas.

Destaques do período set/24 a ago/25:

Com 84% do preço de referência do leite, a propriedade conseguiu cobrir todos os custos — caracterizando lucro supernormal, 14% acima do esperado.


Fonte: Relatório de Negócios do aplicativo do Lactaleite, do período de 09-2024 a 08-2025

A taxa de remuneração do capital imobilizado (exceto terra) foi de 18,8%, muito acima dos 6% definidos como referência.

O Ponto de Cobertura Total (PCT) foi de 319 litros/dia. Como a produção no período foi de 377 litros, houve superávit de 58 litros/dia, refletindo lucratividade.

A relação Benefício/Custo de 1,2 indica que cada R$1,00 investido retornou R$1,20.

O leite apresentou 4,3% de gordura e 3,5% de proteína. A meta do projeto é de no mínio 3,8% de gordura e 3,2% de proteína.

A alimentação representou 55% da renda bruta.

A RMCA por vaca em lactação foi de R$ 5.496,00.

Ração a granel: um exemplo do Sul para o Brasil

Na região Sul, é comum o uso de silos graneleiros para armazenagem de ração — prática ainda pouco difundida em outros estados. Esse modelo reduz custos, facilita o manejo e minimiza riscos de pragas e roedores, sendo uma referência a ser expandida.


Silo graneleiro para a ração do rebanho

Evolução e metas de produção

A estrutura de resfriamento do leite na propriedade evoluiu ao longo dos anos: de um tanque de 500 litros para 800 litros e, hoje, para 1.000 litros.

O Sr. Moacir considera que 600 litros/dia é a meta ideal para manter a operação exclusivamente com mão de obra familiar. Contudo, reconhece que o potencial produtivo é maior, e o filho Handerson planeja adquirir um tanque de 1.500 litros. Com as novilhas em crescimento, acredita ser possível atingir 800 a 900 litros por dia.

A família também persegue a redução da idade ao primeiro parto. No período analisado, era de 40 meses. Hoje está próxima de 30 meses, e a meta é chegar aos 24 meses.

Os conselhos do Sr. Moacir e do Handerson

Com raízes polonesa, alemã e italiana, e uma vida dedicada à produção rural, o Sr. Moacir deixa dois conselhos fundamentais:
“Se você não gosta dos animais, nem comece a produzir.”
“Se você trabalha com vacas de leite, trate elas como se fossem um bibelô.”
Handerson complementa com uma visão prática da gestão:
“Na atividade leiteira é preciso encontrar as goteiras e sanar os vazamentos.”
Uma referência clara ao controle rigoroso dos custos e a eliminação de perdas desnecessárias.

A produção leiteira renovada pela sucessão familiar

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