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Quando continuar é vencer: a história inspiradora de uma família nordestina na produção leiteira
“Parar ou continuar com a atividade?”: foi com esta dúvida que Dizimar Delgado e seus filhos entraram na atividade leiteira para valer.
Tudo começou em 2012, quando Dizimar ficou viúva. Cabia a ela decidir: parar ou continuar. A decisão foi por continuar. No início, para dar continuidade ao negócio, ela contou com a ajuda de um irmão.
Com a ausência do pai, a mãe e os filhos se mudaram da fazenda para Recife, onde moraram durante um ano e meio, mas sempre mantendo o desejo de retornar para a zona rural.
Dizimar tem quatro filhos. William, hoje com 33 anos, concluiu o curso de Farmácia em 2012 e cursa medicina. Guilherme, com 22 anos, estuda veterinária. Lorinaldo Junior, o caçula, com 19 anos, é formado em Energias Renováveis, mas planeja estudar zootecnia.
Pedro, o segundo mais velho, é técnico em Agropecuária, formado no final de 2019. Era adolescente, com apenas 14 anos, quando perdeu o pai. Foi a partir daí, que “caiu para dentro da propriedade”. Após formado trabalhou 4 anos como consultor da ATeG do Senar, onde viu a importância dos indicadores e do planejamento estratégico para fazer gestão da propriedade.
A propriedade
A fazenda Delgado, situada no município de Itaíba, região do Agreste Pernambucano, possui 212 hectares distribuídos em cinco glebas separadas.
Na época em que o marido de Dizimar ainda estava vivo, a propriedade era toda explorada com a gado de leite, porém com um rebanho que tinha pouca genética para a produção.
A área produtiva para a atividade leiteira é de 110 hectares com uma topografia plana. As demais áreas são arrendadas ou utilizadas para gado de corte.
Na época do pai, a Fazenda Delgado chegou a possuir 80 vacas. Atualmente, são 46 vacas totais, sendo 38 em lactação (82,6%), com 640 litros, 22,6% acima dos 522 litros produzidos, em média, no período de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025. A produtividade por vaca saltou de 13 para 17 litros por dia, um incremento de 30%.
O rebanho leiteiro atual, está estruturado da seguinte forma:
A transformação e importância da chegada da Lactalis
A família vende leite para a mesma empresa desde a chegada da mesma em Bom Conselho/PE, em 2010. A entrada no projeto Lactaleite aconteceu em janeiro de 2024. A partir de então, ele conta com a intervenção técnica e gerencial de um consultor com uma visita mensal de quatro horas.
Quando Pedro terminou os estudos, realizou um curso de inseminação artificial e em seguida começou a praticar a técnica na fazenda. Em 2019, contando com o apoio da Lactalis, começou a inseminar. Nesta época produzia 300 litros por dia, um aumento de cerca de 20% ao ano.
O que dizem os indicadores de desempenho?
Segundo o relatório de indicadores do negócio obtido no aplicativo Lactaleite, do período de 02-2024 a 01-2025, a fazenda tem demonstrando bom desempenho.
Os indicadores mostram que os resultados da atividade são animadores.
No período analisado, o custo total foi de R$2,08 reais por litro. Na composição total do custo de produção o componente variável representou 80% e os fixos 30%. Em relação ao preço, o custo variável (R$1,67) comprometeu 70% do preço e os custos fixos (R$0,41), 17%.
A relação do custo total pelo preço médio do litro de leite foi de 87% o que significa que a propriedade teve um resultado econômico suficiente para pagar todas os custos variáveis e fixos da atividade e ainda obteve um superávit no lucro de 13%, chamados pelos economistas de lucro supernormal.
A taxa de remuneração (rentabilidade) do capital sem considerar o valor da terra foi 18 %, superior a qualquer investimento no mercado financeiro.
A produção média diária da fazenda no período foi de 522 litros por dia. Para cobrir todos os custos, a produção desejada deveria ser de 459 litros, que é considerado o ponto de cobertura total. Ou seja, o lucro acima do normal é equivalente a 63 litros diários.
A relação Benefício/Custo foi de 1,2 o que significa que para cada R$1,00 de custo total foram obtidos R$1,20 reais de retorno.
Quando são analisados os indicadores zootécnicos, podemos perceber que a propriedade está numa trilha de melhoria constante. O intervalo entre partos de 15 meses, assim como o período de serviço de 167 dias, já caminha para resultados melhores.
Os resultados relacionados com a reprodução são bons e podem ser evidenciados pelos indicadores de vacas paridas em relação ao total de vacas que é de 88% no período analisado. Apenas 12% das vacas estão secas. Quando o mesmo número de vacas é comparado com o total do rebanho leiteiro o indicador é de 60%, o que significa que o há uma boa relação de animais produzindo leite dentro do rebanho.
Qualidade e o novo Sistema de Bonificação da Lactalis
Na Fazenda Delgado, os resultados médios da qualidade obtidos foram os seguintes:
A Lactalis implantou um novo e arrojado Sistema de Bonificação para o leite, visando remunerar o trabalho do produtor que está buscando produzir mais e melhor.
Com uma CCS de 179.000, obtida no período analisado, a produtora Dizimar estaria recebendo um adicional de R$0,08 por litro de leite fornecido. A CBT de 16.000, acrescentaria mais R$0,05 por litro de leite vendido.
No que se refere ao teor de gordura, de 3,32, a produtora teria seu preço reduzido em R$0,03. O teor de proteína de 2,99 reduziria o preço em R$0,055 (cinco centavos e meio). Neste caso há uma grande oportunidade de melhoria nos preços do produtor conseguindo elevar os teores de sólidos do leite. Isso o que poderá alcançado através de aconselhamentos com os técnicos e consultores do projeto Lactaleite e do suporte do Clube do Produtor Lactalis.
Metas
No planejamento estratégico da propriedade está definido como meta produzir 1 mil litros de leite por dia, meta prevista para ser alcançada até o final de 2026, com 50 vacas em lactação de um total de 60 vacas.
O desafio será assegurar a alimentação para todo o rebanho que, deverá ser suportada principalmente pelo aumento da produtividade de palma (21 hectares) e do milho (10 hectares).
No plano estratégico da família para a atividade, está também a construção de uma pista de alimentação sob a sombra de uma estrutura com sombrite, para assegurar o conforto dos animais e permitir alimentá-los em três lotes separados por produção. Outra meta é a fixação do grau de sangue do rebanho em 5/8 de holandês.
Palma forrageira: “a salvação da lavoura”
A palma forrageira na condição do semiárido brasileiro é o “prato principal” na dieta do rebanho. A área de palma forrageira atual da propriedade é de 50 tarefas (cerca de 15 hectares). A meta, segundo Pedro, é aumentar para 70 tarefas (21 hectares).
Ela é bem manejada, adubada com adubo químico e esterco. As ervas daninhas são controladas com herbicida. Mas o desafio é aumentar a produtividade nos diversos talhões plantados.
Os conselhos de Pedro
Pedro recomenda aos outros produtores de leite que foquem seu negócio no planejamento forrageiro e na busca de melhoria constante da qualidade do leite.
A família Delgado, junto com vizinhos, está adotando um modelo de parceria para troca de máquinas e serviços no processo da ensilagem como forma de reduzir os investimentos das mesmas.
Esta é uma experiência que Pedro quer ampliar e que poderia ser multiplicada entre os produtores como forma de otimizar o uso de recursos com investimentos na atividade leiteira da região.
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