Bem-estar Animal
Ver TodasVÍDEO: Como garantir bem-estar mesmo durante manejos dolorosos
A segunda liberdade do bem-estar animal define que as vacas precisam ser livres de dor, lesões e doenças. É comprovado que os animais sentem dor, fato evidenciado pelo esforço que fazem para evitar ou escapar dos estímulos dolorosos.
No entanto, pode ser difícil perceber que as vacas sentem dor. “Na natureza, animais que são presas desenvolvem, como estratégia de sobrevivência, uma habilidade tremenda de esconder a dor”, explica o professor Marcelo Cecim. Embora as vacas, hoje em dia, não possuam tantos predadores, essa habilidade se mantém.
Porém, não demonstrar a dor não significa que ela não exista. E no dia a dia de uma fazenda, alguns manejos dolorosos são necessários, como a castração, a mochação e a marcação. Por isso, dar atenção a um controle efetivo da dor é fundamental para garantir o bem-estar dos animais. “Usando uma anestesia local ou um anti-inflamatório. Em animais maiores, quem sabe, até uma sedação para facilitar o controle”, aponta o professor.
Cecim orienta que o proprietário cobre do veterinário uma orientação sobre o melhor tipo de protocolo para fazenda e pela capacitação das pessoas que vão realizar os procedimentos. “Para que este seja feito com o mínimo de sofrimento e consequências futuras para o animal. No sentido de um estresse prolongado, que vai acabar diminuindo a imunidade e abrindo portas para uma série de outros problemas”, justifica.
Anestesia e analgesia
Para proporcionar conforto aos animais, é necessária a intervenção de profissionais habilitados à realização de analgesia, associada ou não à anestesia, dependendo do manejo pré-estabelecido. Você sabe o que é analgesia e anestesia? Nós explicamos.
Analgesia: uso de drogas que aliviam ou minimizam a dor, sem que a consciência dos animais seja comprometida. Exemplos de analgésicos seguros para ruminantes: Flunixin, Meglumine, Cetoprofeno, Diclofenaco e Meloxican.
Anestesia: uso de drogas que atuam no sistema nervoso e bloqueiam a dor inerente ao procedimento. Nesse caso, o animal pode ou não ficar consciente. Exemplos de anestésicos seguros para ruminantes: Cloridrato de Lidocaínae e Cloridato de Bupivacaína.
Por que é importante?
Mas afinal, por que se importar com a dor nos animais? É importante pois a dor compromete a saúde e bem-estar dos animais. Quando a dor não é tratada, a persistência ou o aumento da resposta fisiológica caracteriza o fenômeno da hiperalgesia. Nesse momento, a dor deixa de refletir a lesão tecidual e passar a representar a doença. A forma mais assertiva de controlar a dor é preveni-la.
Nossas recomendações
Confira algumas recomendações para garantir um manejo adequado quanto aos procedimentos dolorosos:
• Todos os procedimentos devem ser realizados por Médico Veterinário ou profissional capacitado ao uso de anestésicos em animais.
• O registro do treinamento deve conter as informações: nome, assinatura ou carimbo do médico veterinário responsável, bem como nome e assinatura do funcionário participante, além de data do treinamento, passo a passo do procedimento e prescrição médica para o uso dos anestésicos e analgésicos.
• A anestesia local para a condução de mochação deve ser aplicada próximo ao nervo cornual para atingir a sensibilização da porção correta.
• A lidocaína é o anestésico local mais utilizado em ruminantes.
• A mochação deve ser procedida até a 8ª semana do animal, pois, após esse período, é necessária determinação clínica para a realização de cirurgia de descorna.
• A descorna deve ir ao encontro dos princípios do bem-estar animal preconizados pela resolução nº 877 do Conselho Federal de Medicina Vetrinária.
Procedimentos e recomendações
Confira também algumas recomendações específicas para procedimentos dolorosos que acontecem nas propriedades:
Caudectomia: O corte de cauda é ESTRITAMENTE PROIBIDO, de acordo com a resolução do Conselho de Medicina Veterinária n° 877.
Mochação: A mochação térmica pode ser realizada até as 4 semanas, com o uso de anestésico ou analgésico, ou entre 4 a 8 semanas, também com o uso de anestésico e analgésico, antes do desenvolvimento do corno. A mochação química pode ser realizada até 2 semanas, com o uso de analgésico.
Flambagem de úbere: Chama fria (ex. Propano a < 400ºC) em movimento.
Marcação a fogo e nitrogênio: Somente em situações de real necessidade e mediante anestesia local.
Mais informações no nosso Manual de Bem-Estar Animal
Crédito da foto: aleksandarlittlewolf/Freepik